Tenho como sonho um dia poder implementar uma iniciativa para preservar o patrimônio náutico brasileiro… por isso, já pensando em algum dia poder implementá-lo, além do Cadastro de Veleiros Clássicos, decidi pesquisar e escrever artigos sobre diversos assuntos relacionados à vela brasileira, entre eles, os veleiros desenvolvidos no Brasil… é sobre isso que irá encontrar informações no texto abaixo… caso possa colaborar com informações ou registros históricos, entre em contato. O que não podemos deixar acontecer é essa história se perder.
Max Gorissen – Velejador. Escritor.

Voltemos no tempo para o ano de 1936. Mais precisamente, para o dia 12 de agosto de 1936 às 15:00 hs.
Agora imagine você sentado confortavelmente em uma cadeira no cockpit de uma linda lancha de madeira, ancorada no Fiorde de Kiel, na Alemanha, assistindo à última regata da Classe Olímpica O-Jolle, durante a Summer Olympics de 1936.
É um dia quente, ensolarado e com pouco vento e, apesar da proibição de consumo de álcool imposta pelo regime nazista, você havia conseguido duas garrafas da mais antiga e famosa cerveja do mundo, a Weihenstephan, fabricada desde o ano de 1.040, no mosteiro beneditino em Weihenstephan, de onde vem o nome da cerveja.
Você havia acompanhado todas as regatas olímpicas da classe O-Jolle (também participaram a classe Star, a 6 metros e a 8 metros). A primeira regata, havia sido suspensa por uma hora e meia devido à uma tempestade, contudo, quando foi retomada, a chuva e o vento forte deram vantagem aos velejadores mais pesados. Em contraste com o primeiro dia, os dias seguintes foram marcados pela falta de vento, levando as regatas a serem adiadas em três ocasiões.
Contudo, ontem, 11 de agosto, para desespero do regime nazista, após quatro regatas, o velejador britânico havia assumido a liderança da competição, com o holandês em segundo e o alemão em terceiro. Na classe O-Jolle, participam 28 velejadores representando 25 países.
Você então dá um gole de cerveja gelada, feliz, enquanto assiste a “batalha” pelo ouro entre Peter Scott, o velejador britânico, Daan Kagchelland, o velejador holandês e Werner Krogmann, o velejador alemão.
Infelizmente, o velejador pelo qual você havia viajado à Alemanha, o alemão naturalizado brasileiro Walter Heuer (26 de junho de 1892 – 14 de março de 1968), único representante do Brasil nas Olimpíadas de 1936, já não tinha mais condições de alcançar o pódio. Sua melhor colocação nas regatas, foi um 14° obtido durante uma regata com ventos fracos de nordeste. Walter Heuer, terminaria esta olimpíada na 24ª colocação na classe O-Jolle.
Enquanto a cerveja descia refrescando sua garganta, você acompanha intensamente o velejador holandês que, apesar de estar a sotavento do britânico, avançava com maior velocidade e, assim que seu veleiro passou seu oponente e ficou com dois cascos de distância, orçou mais um pouco, passando pela proa do britânico e “cobrindo do vento” a vela do velejador britânico.
Com a manobra, Scott começou a perder velocidade e ficar para trás por causa do “vento sujo” do holandês e, por puro reflexo, deu um bordo rápido para se livrar de seu oponente, contudo, sem ver que Krogmann havia também avançado e agora se encontrava a sotavento, acabou colidindo com o alemão. A colisão não causou nenhum dano no veleiro alemão, contudo, o veleiro de Scott sofreu avarias, o que fez com que tivesse de desistir da regata.
Assim, com o holandês precisando de apenas um 10º lugar nesta sexta e última regata para garantir o ouro, com o resultado desse dia 12 de agosto de 1936, você acabou presenciando, confortavelmente do convés da lancha em que estava, o holandês Daan Kagchelland cruzar a linha de chegada conquistando o ouro na Classe O-Jolle de 1936.
Com o alemão Krogmann, também cruzando a linha de chegada segundos depois em segundo lugar, este garantiu a medalha de prata, enquanto, o inglês Scott, com o DNF (Did Not Finish) na última regata, ainda conseguiu pontuação suficiente para ficar com o bronze. Veja os resultados da Classe O-Jolle clicando aqui.

Terminada a regata, enquanto a lancha retorna para a marina e você termina sua cerveja observando o belo porto de Kiel, recorda que, no dia anterior, haviam lhe contado no bar do hotel duas curiosidades; A primeira era de que Peter Scott era filho de Robert F. Scott, o famoso explorador polar que morreu na Antártida em 1912, após perder a “corrida” para o Polo Sul para o norueguês Roald Amundsen. A segunda, era de que a competição havia sido realizada em barcos fornecidos pela organização e que cada veleiro recebeu o nome de uma cidade alemã; o vencedor, Daan Kagchelland, navegou no Nürnberg (Nuremberg) e, Walter Heuer, competiu no veleiro de nome Lübeck (aportuguesado como Lubeca ou Lubeque).
Então, num momento de reconhecimento e consideração pelos participantes, também já um pouco embriagado, você levanta a caneca e brinda o ultimo gole aos competidores, em especial, à Walter Heuer, por quem, mesmo com a 24 ª posição, você se sentia particularmente feliz. Isso porque, você teve a oportunidade de conhecer na noite anterior este “brasileiro” que havia concebido e mandado seu irmão, o carpinteiro naval Friederich Heuer, que morava em Hamburgo-Alemanha, construir dois veleiros de 24 pés com bolina retrátil, cabinado e confortável, para cruzeiros e pernoites na Baía de Guanabara. Os dois veleiros, o Flanenlob IV e o Sênior (e que posteriormente, no Brasil, teriam seus nomes trocados por Itapacis e Itaicis, respectivamente), dariam origem à famosa classe que viria a se chamar Classe Guanabara (Saiba mais sobre a história destes veleiros no artigo “Guanabara, a classe precursora do espírito de equipe na vela brasileira“). Durante sua estadia na Alemanha, Heuer organizou a importação dos veleiros que foram embarcados imediatamente para o Brasil em um navio, ambos chegando em 18 de novembro de 1936.

O Iole Olímpico
O veleiro Olímpico, ou Iole Olímpico, como é conhecida a classe no Brasil, foi projetado como um barco de regatas para os Jogos Olímpicos de 1936.
Originalmente denominado O-jolle, ou Olympiajolle, é um monocasco one-design, para uma pessoa, com casco arredondado aparelhado, com somente um mastro cat na proa e vela Bermuda, projetada por Hellmut Wilhelm Strauch, em 1933, especificamente para as Olimpíadas de 1936.
O mastro Bermuda é um tipo de mastreação que utiliza uma vela triangular posicionada a ré (atrás) do mastro. É a configuração típica da maioria dos veleiros modernos. A mastreação Bermuda recebe esse nome em homenagem às Bermudas, onde foi desenvolvido no século XVII.
Hellmut Wilhelm Stauch (13 de março de 1910 – 19 de julho de 1970), foi um velejador sul-africano que, além de desenhar o O-Jolle, competiu nos Jogos Olímpicos de Verão de 1952 e de 1960.

Com o protótipo do O-Jolle pronto, o veleiro de nome “Skagerrak – O-1” (construído no Bebensee shipyard), foi apresentado para o Comitê Olímpico no ano de 1933. A Alemanha, como país-sede, conseguiu persuadir o Comitê Olímpico a adotar o O-Jolle, um dinghy mais pesado, estreito e com quilha central, uma característica tipicamente europeia. Um conjunto detalhado de regras de classe garantiu com que os barcos fossem sólidos e bem construídos. O espaçamento entre as cavernas, por exemplo, era de 75 mm (3 polegadas). Canas de leme duplos ou em forma de triângulo eram populares na Europa, permitindo que o timoneiro mudasse de posição/bordo sem alterar o ângulo do leme.
Em 1935, um sócio do clube paulista YCSA, o Sr. Júlio Lienert, importou do próprio projetista, o Sr. Hellmut Wilhelm Stauch, as plantas o O-Jolle da Alemanha e encomendou ao italiano Bumbies, que tinha um estaleiro no Socorro, bairro de São Paulo, a construção do primeiro barco: o Hula-Hula. 1 Tinha assim início o desenvolvimento de uma das classes mais populares da represa da Guarapiranga – São Paulo (foto abaixo). Leia mais a seguir neste texto em “Iole Olímpico no Brasil“.
Contudo, a classe foi substituída na Olimpíada do pós-guerra, a Olimpíada de Londres em 1948, basicamente, por ser a O-Jolle uma classe criada na Alemanha. O substituto foi o veleiro da Classe Firefly, como não poderia deixar de ser, um veleiro britânico projetado por Uffa Fox em 1946. Contudo, já nas Olimpíadas de 1952, o Firefly foi substituído pela Classe Finn, projetada em 1949 por Rickard Sarby e que, ainda hoje, compete nos Jogos Olímpicos.
O O-Jolle, como é conhecida a classe na Europa, é hoje a classe de dinghy mais numerosa da Alemanha e da Noruega, sendo muito popular devido à sua estabilidade e baixos custos de operação.
A International Olympiajollen Union (extinta), na época, teve mais de 500 membros. Além da Alemanha e Noruega, a classe ainda é velejada em competições também na Áustria, Itália e Suíça. Existem pequenas flotilhas deste veleiro principalmente na Polônia, no Brasil e na Sérvia.
Desde 2008, o O-Jolle passou a ser uma das classes de veleiros vintage participantes do Vintage Yachting Games (evento com várias classes de veleiros que já foram classe olímpica).
Características técnicas
Período de Produção no Brasil: 1937 até ?
Classe: O-jolle, Olympiajolle ou, como é chamado no Brasil; Olímpico ou Iole Olímpico
Armação/ tipo: Cat / Bermuda/Marconi
Projetista/ projeto: Hellmut Wilhelm Stauch – 1932
Material do casco: Madeira / Fibra de vidro
Categoria: Águas interiores
Tripulantes: 1
Comprimento (LOA): 16,40 pés ou 5,00 m
Linha d’água:
Boca (Beam): 5,45 pés ou 1,66 m
Calado (Draft): 0,49 ft / 0,15 m com bolina levantada e 3,61 ft / 1,10 m com bolina abaixada
Área velica (Sail area): 123,00 ft² ou 11.43 m²
Deslocamento (Displacement): 485.00 lb ou 220 kg
Iole Olímpico no Brasil
Os Ioles Olímpicos em São Paulo – SP
A introdução da classe Iole Olímpico no final dos anos 30 e seu desenvolvimento no Brasil, se deve principalmente aos sócios, na maioria imigrantes alemães, do YCSA – Yacht Club de Santo Amaro (na época DSC – Deutscher Segel-club ou Clube Alemão de Vela).
Em 1935, o Sr. Júlio Lienert, sócio do clube, importou do próprio projetista, as plantas alemãs do O-Jolle e encomendou ao italiano Bumbies, que possuía um estaleiro no Socorro, bairro de São Paulo, a construção do primeiro barco: o Hula-Hula. Posteriormente, Lienert encomendaria mais cinco unidades que seriam vendidas a preço de custo para velejadores de ponta. 2
De posse das plantas originais alemãs, com o aumento do interesse pelos veleiros, o alemão Klostermann, o italiano Flório Zotarelli e o francês Verdier, todos radicados no Brasil, passariam a construir Ioles Olímpicos. 3
A primeira competição realizada em São Paulo foi uma regata inter-clubes, em maio de 1936, antes da estréia da lole nos Jogos Olímpicos. A prova contou com a participação de 8 a 10 barcos. Com o passar do tempo, mais clubes foram adquirindo o barco Olímpico.
Segundo Lienert, os velejadores dos antigos 20 metros dos clubes do Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro a principio não se interessaram pelo barco, porque não o acharam adequado para o mar. Somente anos mais tarde surgiriam loles naqueles estados. Em 1941 houve o primeiro Campeonato Paulista, quando a Iole Olímpica entrou em vertiginosa ascensão. Mesmo assim, o Campeonato Brasileiro jamais chegou a ser disputado, segundo os antigos iolistas.4

Assim, este monotipo de madeira one-design para uma pessoa, por sua característica de ser um veleiro que veleja muito bem em todas as condições de vento (ideal para os ventos “rondados” da represa) e que permite ser facilmente velejado por uma variada gama de velejadores, do jovem ao mais velho e do leve ao mais pesado, foi muito bem recebido pelos velejadores paulistas da Represa de Guarapiranga, com regatas muito concorridas na época.
Embora mais concentrada em São Paulo, a classe esteve presente em outras localidades e serviu para difundir a vela técnica no Brasil.
Curiosamente, a classe jamais teve barcos importados para o Brasil e, todos os veleiros que navegaram por aqui, foram de fabricação nacional.5

Após a II Guerra Mundial, as regatas na represa paulista, suspensas até então, recomeçaram com força total, principalmente com as Ioles Olímpicas, que formavam uma numerosa flotilha na Guarapiranga e uma das classes mais disputadas pelos velejadores do YCSA. 6
Em agosto de 1945, as competições a vela já eram um sucesso no YCSA. Nenhum outro clube contava com tantos comandantes (26 no total). 7
Na época, os velejadores disputavam as regatas em seis classes: Iole Olímpica, Sharpie 12 m², 15 metros, 20 metros, Sea Gull e a Classe H (um dos vários “caixões” para velejar inventados naquela época). O destaque daquele ano foi Peter Mangels, que com seu Nord, venceu na represa o II Campeonato Brasileiro de Iole Olímpica de 1945. 8
Com a chegada, em 1957 e 1958, dos primeiros veleiros da Classe Finn importados, e também com a construção do último barco da Classe, fabricado por Florio Zotarelli, a lole Olímpica cai no esquecimento.
A decadência do barco chegou a tal ponto que, em 1956, quando Mário Bandeira – coordenador da Classe na época – assumiu a direção da categoria, era impossível reunir cinco barcos numa regata.
Não se sabe ao certo quantos veleiros desta classe foram construídos no Brasil nos anos 30, 40 e 50, contudo, estimasse, um número aproximado de 70 veleiros (apesar de que tenho visto numerais muito além deste número – verificar).

Os Ioles Olímpicos em Salvador – BA

No Yacht Clube da Bahia em 1936 o amplo barracão do estaleiro e suas máquinas com os primeiros Ioles Olímpicos em construção – Foto: Autor não identificado. Se souber quem é o autor, favor entrar em contato para darmos a devida autoria. Foto enviada por Fabien Lerner.
Os Ioles Olímpicos em Vitória – ES

Texto extraído e adaptado das páginas 17 e 18 do livro “Iate, 50 anos de história”, impresso no ano de 200 pelo Iate Clube do Espírito Santo para seus sócios.
Aylton Benetti da Vitória, velho carpinteiro que por anos serviu ao late Clube.
lembrava-se que, naquela época, como quem havia começado ainda menino como carpinteiro da construção do Aeroporto de Goiabeiras e depois do Pela Macaco, que a vela começou a se estruturar em Vitória lá por 1944/45. Cícero Sudré, irmão de Raul Sudré, dono de uma loja que vendia material de escritório, era então proprietário de uma yole olímpica, um barco de uma vela só, juntamente com Beraldo Madeira da Silva, Asdrubal Peixoto e José Tarquínio da Silva.
Os barcos, recordava-se ele, eram feitos por aqui mesmo, no Saldanha da Gama, pelo Cícero. Não era o Sudré, mas um carpinteiro com o mesmo nome daquele, e que trabalhava no então clube do Forte São João.
Depois de construídos, os barcos ficavam na praia, que hoje é a Praça dos Namorados. E foi por causa disso que um belo dia Cícero e seus companheiros tiveram a ideia de fundar um clube de vela, o Praia late Clube, e chamou o carpinteiro Aylton Benetti da Vitória para entrar na aventura por entender tanto de carpintaria. O Praia Iate Clube não passou de uma boa ideia, mas de repente todos notaram que estavam comprometidos com ela.
O local escolhido para que fossem guardadas as primeiras embarcações, as yoles olímpicas de uma única vela, era uma prainha, pertencente a um casal de velhos, os Alvarenga. O Dondom, que teria seu nome ligado ao late por toda a vida, veio para o local trazido pelos velhinhos e construiu no local um barraco onde guardava uma canoa e redes de pesca. Foi o idoso Alvarenga quem permitiu que as yoles também fossem para o mesmo lugar, pois lá ficavam mais bem protegidas.
Com a morte do casal de velhos, Dondom acabou trazendo para o barraco sua própria família e a prainha virou praia do Dondom. O moro, com toda a região, era então conhecida com o nome de Ponta Formosa.
Com o passar do tempo, os mesmos donos das yoles olímpicas, mais Oswaldo de Freitas Victor, Mr. Brown (Joseph Willian), Leslie Howard, José Monteiro de Lemos, Mr. George Burns e João Luiz Aguirre engrossaram a turma dos que queriam um clube náutico, mas de vela. Benetti da Vitória lembra-se de que eles formavam uma turma animada, e que decidiu vender os primeiros 100 títulos do clube ao preço de 100 cruzeiros cada, pagos à vista.
O velho carpinteiro recordava-se até da primeira regata disputada pelas embarcações. O que aconteceu antes, inclusive, de a flotilha ser criada. Correram então cinco Olímpicos, dois Snipes e o Morris Brown numa baleeira de pescador.

Veleiros conhecidos
OBS: se souber de outros, informe o nome, numeral, proprietário, local e qualquer foto ou informação complementar para que possa incluí-lo na lista!
| Nome original | Ano | Numeral | Outros nomes |
|---|---|---|---|
| Albatross | BL 20 | Macbeth, Machete | |
| Antaris | BL 08 | Woody | |
| Bombola | |||
| Cisne | |||
| Echo II | BL 31 (?) | ||
| Guaíba | BL 126 | ||
| Helena | BL 28 | Mr. Bond | |
| Hula-Hula | 1935 | BL 01 | |
| Icaro | |||
| Igajara | |||
| Irerê | BL 05 | ||
| Jeep | BL 134 | ||
| Lussin II | 1952 | BL 16 | Ícaro |
| Malandrinho | BL 21 | ||
| Maudi | BL 06 | ||
| Nord | |||
| Pandora | 1964 | BL 14 | |
| Perikito | BL 10 | ||
| Petz | |||
| Pioneiro | 1936 | ||
| Rondi | BL 31 (?) | ||
| Seeteufell | BL 17 | ||
| Seeadler | 1937 | BL 07 | |
| Sirocco | |||
| Titan | |||
| Tramp | 1957 | BL 25 | |
| Uiso I | |||
| Witch | |||
| YCSA | |||
| Yole BL 11 | BL 11 | ||
| Yvonne | 1940 |

Artigo incrível sobre o “IV Campeonato de Vela Brasileiro de 1949” incluindo as matérias do RIO DE JANEIRO e de SÃO PAULO das classes Sharpie 12m², Iole Olímpica, Guanabara, Snipe e Classe Iole 20m²“. Revista Yachting Brasileiro No. 53 de março de 1949. Todos os direitos reservados – Proibida sua reprodução.

Campeonatos
- Campeonato Paulista da Classe Olímpica
- OBS: Um Campeonato Brasileiro da Classe Olímpica jamais chegou a ser disputado, segundo os antigos iolistas.


Copa O-Jolle 2025 – Guarapiranga – SP
Torsten Bojlesen, proprietário do O-Jolle Malandrinho (BL 21), por causa de um rompimento dos ligamentos do joelho, não pôde participar da Copa O-Jolle 2025, realizada na Represa de Guarapiranga em São Paulo, com apoio do Clube de Campo de São Paulo e da FEVESP (Federação de Vela do Estado de São Paulo).
Contudo, como é comum entre os velejadores desta classe, onde a amizade e a camaradagem entre os proprietários de veleiros é algo tão natural e agradável, mesmo com limitações, se prontificou a ajudar com a Comissão de Regatas e, de uma posição privilegiada, pôde filmar as regatas (veja vídeos abaixo), além de relatar: “As 2 regatas ocorridas no dia 12 de setembro, apesar do dia nublado e um pouco frio, se deram em condições excelentes, com uma raia muito bem montada e com ventos sul/sudeste com rajadas entre 10 e 15 nós. Amanhã teremos mais regatas e, ao final nossa já famosa confraternização”.
Sete veleiros participaram destas duas primeiras regatas da Copa O-Jolle 2025, todos de São Paulo, e listados a seguir por sua classificação “provisória” na súmula do primeiro dia:
- Malandrinho (BL 21), timoneado por Wagner Bojlesen do CCSP;
- Tramp (BL 25), timoneado por Jorge Soares do SPYC;
- Albatross (BL 20), timoneado por John Bennett do SPYC;
- Seeteufell (BL 17), timoneado por Alexandre Marien do Castelo;
- Woody (BL 8), timoneado por Fred Bojlesen do CCSP;
- Maudi (BL 6), timoneado por Hans Juergen Ludwig do SPYC e;
- Lussin II (BL 16), timoneado por Sérgio de Bortoli do CCSP.
No domingo 13 de setembro, devido aos fortes ventos, as regatas programadas para o dia foram canceladas e reagendadas para o próximo domingo, dia 21/09/25, contudo, a classe, ainda aguarda concordância oficial da FEVESP e do CCSP.
Copa O-Jolle 2025 – Fotos: Fernando Perez de Britto
Copa O-Jolle 2025 – Fotos: Jorge Soares
Copa O-Jolle 2025 – Fotos: Alexandre Marien
Campeões
- Peter Mangels foi o vencedor na represa Guarapiranga do II Campeonato Brasileiro de Iole Olímpica de 1945 com o veleiro Nord.
- Tommy Summer foi o vencedor do Campeonato da Classe Olímpico de 1948 com o veleiro Uiso I.
- Sérgio Cosulich, comodoro do SPYC em 1999-2001, foi cinco vezes vencedor do Campeonato da Classe Olímpico nos anos 2001, 2004, 2010, 2011 e 2012 com o veleiro Lussin II.
- Klaus Lindenhayn foi o vencedor do Campeonato Paulista da Classe Olímpico de 1995 com o veleiro Seeadler.
- Rafael Terentin foi o vencedor do Campeonato Paulista da Classe Olímpico de 2017 e de 2019, ambos, com o veleiro Helena.

Campeonato da Classe Olímpico
| Ano | Nome do veleiro | Nome do comandante |
|---|---|---|
| 1940 | Yvonne | R. Morton |
| 1941 | Witch | A. Kemenes |
| 1942 | Witch | A. Kemenes |
| 1943 | Witch | A. Kemenes |
| 1944 | Sirocco | B. Dupont |
| 1945 | Sirocco | B. Dupont |
| 1946 | Echo II | F. Munn |
| 1947 | Sirocco | B. Dupont |
| 1948 | Uiso I | T.G. Sumner |
| 1949 | Echo II | F. Munn |
| 1950 | Uiso I | T.G. Sumner |
| 1951-98 | Não realizado | Não realizado |
| 1999 | Perikito | João Motta |
| 2001 | Lussin II | Sergio Cosulich |
| 2002 | Machete | Peter Spink |
| 2003 | Machete | Peter Spink |
| 2004 | Lussin II | Sergio Cosulich |
| 2005 | Perikito | João H. de Mello |
| 2006 | Perikito | João H. de Mello |
| 2007 | Lussin II | Sergio Cosulich |
| 2008 | Perikito | João H. de Mello |
| 2009 | Perikito | João H. de Mello |
| 2010 | Lussin II | Sergio Cosulich |
| 2011 | Lussin II | Sergio Cosulich |
| 2012 | Lussin II | Sergio Cosulich |
| 2013 | Maudi | Hans Ludwig |
| 2014 | Maudi | Hans Ludwig |
| 2015 | Tramp | Jorge Soares |
| 2016 |
Tabela com os campeões por ano fornecida por John Bennett – SPYC


Associações
- A O-Jolle é uma das classes mais ativas da DSV (Deutscher Segler-Verband – Associação Alemã de Vela). Só na Alemanha, são comuns competições com mais de 30 barcos, com mais de 60 eventos por ano, além de campeonatos internacionais com cerca de 80 a 100 barcos. A União Olímpica Internacional de Vela Alemã (IOU – International Olympic Dinghy Union – Germany) é composta por 11 frotas (delegações). Cada velejador é membro de sua respectiva frota. A IOU Alemã conta atualmente com aproximadamente 500 membros e é responsável pelos interesses dos velejadores, bem como pela manutenção e preservação da classe e de sua história.
- International Olympic Dinghy Union Germany (I O U Germany): https://www.o-jolle.de/
- Desde 2008, o O-Jolle é uma das Classes de veleiros vintage durante o Vintage Yachting Games: https://vintageyachtinggames.org/2018/
Flotilhas Brasileiras (já extintas)

- Flotilha Classe Olímpico Guarapiranga
Planos
…

Vela


Estaleiros Brasileiros
Os Olímpicos no Brasil foram construídos por vários estaleiros e, a medida que vou descobrindo quais foram, os relaciono abaixo:
- Estaleiro Flório Zotarelli
- Estaleiro do italiano Bumbies, que possuia um estaleiro no Socorro, bairro de São Paulo, construíu o primeiro Iole Olímpico do Brasil o Hula-Hula.
- Estaleiro do alemão Klostermann em São Paulo
- Estaleiro do francês Verdier em São Paulo
- Estaleiro do Yacht Clube da Bahia (veja foto abaixo)
- Clube de Campo Castelo – São Paulo – SP (veja foto ao lado)
- Estaleiro Burns – Vila Velha – Vitória – ES

No Yacht Clube da Bahia em 1936 o amplo barracão do estaleiro e suas máquinas com os primeiros Ioles Olímpicos em construção – Foto: Autor não identificado. Se souber quem é o autor, favor entrar em contato para darmos a devida autoria. Foto enviada por Fabien Lerner.
Observação a respeito da foto acima: O Iole Olímpico Pioneiro de 1936, foi o primeiro veleiro da classe fabricado pelo então, também estaleiro, YCBa (Yacht Clube da Bahia) e foi escolhido por ter sido escolhido para participar das Olimpíadas de Berlim naquele ano.
Como Navega
O O-Jolle é um veleiro que veleja muito bem em todas as condições de vento (ideal para os ventos “rondados” da represa) o que permite ser facilmente velejado por uma variada gama de velejadores, do jovem ao mais velho e do leve ao mais pesado.
Contudo, seu melhor desempenho, dada sua grande área vélica, é sentido nos ventos fracos e águas calmas, sendo menos eficaz em ventos fortes quando a grande mastreação fica sobrecarregada e o barco plana mais tarde do que um Laser ou Finn, apesar do tamanho da vela. Embora seja décadas mais antigo que o Laser, é similar em velocidade.
Detalhes
Fotos de Época



Matérias da época
Matéria “Olímpicos – Tudo acabou em … Cerveja!” sobre o Campeonato Paulista de 1995 – Revista não identificada – Fotos de Paulo Schlick – Enviado por Rafael Terentin.
Matéria “Em busca da antiga glória” sobre ressurgimento da classe – Revista Vela e Motor – Edição de maio de 1979 – Escrita por Ricardo Couto e fotos de Alice Hattori e Luis Carlos Kfouri – Enviado por Peter Spink – SPYC.
Artigo “Atividades da Vela em São Paulo” na revista Yachting Brasileiro No. 48 de Outubro de 1948 – Todos os direitos Reservados. Proibida sua reprodução.
Artigo sobre sobre o Yacht Club Eldorado e as várias classes, inclusive os Iole Olímpicos – Revista Yachting Brasileiro No. 75 de janeiro de 1951 – Todos os direitos reservados – Proibida sua reprodução.
Fabricantes de veleiros atuais
Ao longo dos anos, o O-Jolle foi sendo modernizado por diversas vezes e, hoje, se tornou um veleiro clássico-moderno, com casco de fibra-de-vidro, mastro de alumínio, vários equipamentos sofisticados no deck e leme de perfil.
- Paul Dijkstra Composites – Desde 2022, já construiu 4 Olympiajolle, projetados por Juan K Jachtdesign.- https://pd-composites.com/projects/olympiajolle/ – Como é necessária uma licença para construir um Olympiajol, a Dijkstra teve de solicitar a licença, que foi concedida em 2022 pela associação alemã de vela DSV. O medidor da associação holandesa de esportes aquáticos, Toon Neijman, realizou uma medição digital preliminar após o projeto. Assim, os barcos da Dijkstra estão dentro das regras da classe. Endereço: Paul Dijkstra Composites B.V. – Leyesleatswei 4ª – 8624 HW Uitwellingerga (Friesland) – The Netherlands
Vídeos
Olimpíadas de 1936 – Kiel, Berlin 1936 – Classes: 6m, 8m, O-Jolle e Star 9
Campeonatos internacionais
- O-Jolle European Cup: https://www.fragliavela.org/en/regatta/o-jolle-european-cup/
Depoimentos e contribuições para esta matéria
Por Peter Spink (no grupo WhatsApp do O-Jolle – 26/08/2025):
Albatross – BL 20 – foi Machete. Quando eu comprei o casco reformado, o nome nos documentos era Macbeth. Normalmente eu não mudo nomes de barco mas achei que Macbeth (via Shakespeare) era mal assombrado portanto adaptei o nome !! Meu atual barco é Seeadler BL 07 e acho que sempre foi esse seu nome. O Seeadler tem uma placa de registro para a represa de Guarapiranga de 1937. O atual mastro foi feito por Flório e, na época, pedi para ele também fazer um leme de acordo com o desenho original (curvado). Olhei os documentos que tenho: um conjunto de “plans” com as medidas aprovadas feito por Mario Bandeiro; um artigo da Vela e Motor de 1979 sobre o ressurgimento da classe bem ilustrado com fotos e uma lista dos campeões paulistas de 1941 – 1978, e um artigo em alemão com tradução de Hendrik Cuppen 1977. Também tenho um dos aparelhos originais que foram usados na retranca para permitir reduzir o tamanho da vela rolando a retranca. Acho que é suficiente para montar o barco do jeito quase original, ou pelo menos ter uma impressão…… interessante !! Abs. Peter.
Por Rafael Terentin (no grupo WhatsApp do O-Jolle – 27/08/2025):
Que Demais! Parabéns pelo Texto.
Uma curiosidade sobre o BL 28: Achei o barco abandonado no teto de uma garagem na represa, depois de reformar parte em casa e nas mãos do Sr. Alcir no SPYC.
Não consegui achar o histórico dele, pois não tinha numeral e nenhuma inscrição no casco. O numeral foi escolhido assim: o John Bennett do SPYC gentilmente doou a vela do seu BL 20 e naquela correria de aprontar para o campeonato paulista de 2019, o barco foi pra água no dia anterior, arrumamos uma fita vermelha e o BL 20 virou BL 28.
O barco que estava em estado de abandono, ganhou o Campeonato Paulista 2017 e de 2019. Por conta do barco e não do velejador, diga-se de passagem.
Eu comprei o veleiro como Helena e, por coincidência, esse é o nome da minha mãe. Então deixei assim.
Enfim… uma história breve do espirito dessa classe.
Por Lucca Modenesi – Veleiro Classe Karioca Thalassa por WhatsApp em 27/08/2025:
Essas são fotos dos ioles olímpicos velejando aqui em Vitória na década de 40, meu avô Ennio junto de minha avó Doria tinham um no iate clube do Espírito Santo nos anos 50. Entreguei a minha vó para ler o livro de 50 anos do Iate Clube do Espírito Santo, que conta toda a história, ela conhecia todos e me contou várias coisas da época! Ela me contou eram construídos num estaleiro de uns ingleses em Vila Velha no canal de Vitória, era o estaleiro Burns ela dizia, inclusive esse nome é citado no livro na época da fundação do ices em 1946, e também que os velejadores de ioles olímpicos se uniram junto para fundar o Iate Clube do Espírito Santo. Não tem nenhum olímpico em Vitória há seguramente mais de 40 ou 50 anos.

Por Sérgio Cosulich do Olímpico Lussin II (no grupo WhatsApp do O-Jolle – 27/08/2025):

Acho importante deixarmos uma homenagem ao Sr.Alcyr Malagola, que tomou conta de vários dos nossos Olímpicos no SPYC.
No Lussin II, foto ao lado, o Sr. Alcyr foi o responsável em dar apenas uma “repintura”, pois o estado de conservação do veleiro sempre foi muito boa.
Por Rafael Terentin do Olímpico Helena (no grupo WhatsApp do O-Jolle – 27/08/2025):
Aproveitando, vou contar uma anedota sobre o Sr.Alcyr Malagola; A última regata que fiz com o Helena, foi uma de abertura (quem ganhou foi o Edu).

Neste dia, cheguei no clube desanimado pois tinha esquecido a extensão da cana do leme e, sem cana, com meus poucos quilos de escora, a regata “iria ser animada”.
Comecei a montar o barco e, como de costume, apareceu o Sr. Alcyr, sem falar nada ele me perguntou sobre a cana, falei que havia esquecido ou teria trocado pela fralda de algum filho na hora de sair de casa.
Antes de ir pra água ele chegou e colocou no barco a extensão (foto) que havia acabado de fazer.
Ainda tenho ela aqui comigo.
Por Peter Spink (no grupo WhatsApp do O-Jolle – 27/08/2025):
Modelo exato do Olímpico original feito por Florio Zotarelli, construtor de muitos dos barcos na represa:
Links e referências bibliográficos e informativa
- Olympic sailing video footage from the 1920s to 1960s
- Sailing at the 1936 Summer Olympics
- Open One Person Dinghy (Olympic Monotype)
- History: Single-handed Olympic dinghy 1936.
- Vintage Yachting Games
- Pt 1.28 – The German one designs
- Livro “Vela Esportiva Brasileira” – Autor: Murillo Novaes
- Livro “São Paulo Yacht Club 100 – 1917 – 2017” – SPYC
- Livro “Soprando as Velas – YCSA 70 Anos – 1930 – 2000” – YCSA
Agradecimentos
- Fabien Lerner
- Jorge Soares
- Peter Spink
- Rafael Terentin
- John Stuart Bennett
- Lucca Modenesi
- Francisco Luiz Silva do SPYC (com edições da Revista Yachting Brasileiro)
Espero que tenha gostado pois, cada embarcação clássica tem uma história única para contar e que pode servir de referência e consulta para historiadores, pessoas e instituições interessadas, antigos e novos proprietários e o público em geral, promovendo assim a rica e as intrigantes histórias associadas a esses clássicos e preservando e aumentando assim seu significado cultural para as gerações futuras.
Bons ventos!
Max Gorissen
Velejador. Escritor.
Notas de Rodapé (também incluídas no texto acima em Links e referências bibliográficos e informativa)
- Livro “Vela Esportiva Brasileira” – Autor: Murillo Novaes ↩︎
- Livro “Vela Esportiva Brasileira” – Autor: Murillo Novaes ↩︎
- Livro “Vela Esportiva Brasileira” – Autor: Murillo Novaes ↩︎
- Extraído da matéria “Em busca da antiga glória” sobre ressurgimento da classe – Revista Vela e Motor – Edição de maio de 1979 – Enviado por Peter Spink – SPYC. ↩︎
- Livro “Vela Esportiva Brasileira” – Autor: Murillo Novaes ↩︎
- Livro “Soprando as Velas – YCSA 70 Anos – 1930 – 2000” – YCSA ↩︎
- Livro “Soprando as Velas – YCSA 70 Anos – 1930 – 2000” – YCSA ↩︎
- Livro “Soprando as Velas – YCSA 70 Anos – 1930 – 2000” – YCSA ↩︎
- Olympic sailing video footage from the 1920s to 1960s ↩︎
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