Decidir ter um bote de apoio para embarque e desembarque é algo bastante óbvio se você possui um veleiro já que este possui calado mínimo e não chega perto de praias e locais com pouca profundidade… contudo, é importante pensar antes de decidir que tipo de bote comprar, levando em conta o uso que se quer dar ao veleiro ou à sua habilidade e necessidade específica.
Para muitos, a decisão é simples: compra-se um bote de borracha e pronto. Os famosos RIB (Rigid iflatable boat).

No meu caso, a decisão por um bote de borracha não era assim tão simples já que tinha, e ainda tenho, minhas restrições com relação aos botes de borracha.
E não é para menos… velejo há anos e durante todos esses anos a maioria dos botes de borracha que vi estão sempre furados, murchos, com as borrachas manchadas, descoladas ou desbotadas pelo tempo.
Nada contra os botes de borracha, ao contrário, se bem mantidos, são extremamente úteis, estáveis e convenientes, contudo, quando decidi pelo tipo de bote que queria comprar, uma das premissas obrigatórias era que NUNCA teria de me preocupar em ter um bote furado ou murcho… com esta premissa, a decisão já estava tomada: teria de ser um bote rígido.
Então, com isso definido, era decidir pelo tipo de material do casco: madeira, fibra de vidro, ABS ou alumínio, já que, o aço e materiais exóticos foram descartados de cara.

Outras premissas eram: poder usar apenas remos, não afundar, aguentar: cracas, mariscos, ostras, anzóis e outros objetos perfurantes, ser relativamente estável, ser leve, não machucar o casco do veleiro, ter borda baixa, ser fácil de se subir a partir da água, ser fácil de trazer para o deck do veleiro, ter assentos rígidos e, se possível, que desse para velejar.
Após muita procura e já tendo descartado o bote de alumínio, encontrei o bote Walker Bay 8 em uma revista norte americana e, por acaso (ou sorte), uma loja de materiais e produtos náuticos brasileira havia importado um lote destes botes.
Comprei, no ano de 2004, meu Walker Bay 8 (Walker Bay – também existe o WB10 e versões do Walker Bay com as bananas dos RIBs nas laterais para quem quer maior estabilidade), um bote construído em ABS moldado, na cor branca (tinha opção por um verde musgo), fabricado nos USA, com bancos azul claro flutuantes.
Existia na época o opcional de um jogo de vela, leme e quilha que, infelizmente, não comprei. Me arrependo até hoje… ainda da para adaptar um conjunto do veleiro Optimist, que devo fazer em breve.
Walker Bay 8:
- Comprimento (LOA) = 2,50 m
- Boca (BEAM) = 1,32 m
- Deslocamento (weight): 32 Kg (dá para levantar sozinho!)
- Capacidade motor: 2 HP
- Tripulação: 2 pessoas
É importante salientar de que, no início, até você pegar o jeito, o bote é muito instável já que, a distribuição do peso das pessoas no bote é muito importante para seu equilíbrio.
É muito difícil ele emborcar, contudo, se alguém muda de posição em relação ao centro de gravidade do bote, você sente na hora. Se alguém que está na proa, repentinamente, desce do bote, a proa sobe rapidamente.
Além disso, você precisa de um tempo para se acostumar com o uso do motor de popa, geralmente um Mercury 3.3 HP (não temos muitas opções no Brasil), que é muito limitado na posição dos comandos de aceleração (ficam no motor e não no manche) e, a ré, você precisa virar o motor em 180 graus no seu eixo… como para alcançar e realizar estas operações você tem de ir até a popa, a proa sobe dando aquela sensação de insegurança.
Outra coisa que a experiência mostrou; se você tem alguém sentado na proa e por coincidência bate uma onda pela proa, se não prevenir mudando o centro de gravidade com o movimento da pessoa antes da onda bater na proa, vai entrar água já que, a borda, com duas pessoas, fica bem rente á água.
É tudo uma questão de se acostumar e pegar as manhas… não é um bote para pegar ondas… mas é muito divertido!
Desde 2004, meu WB8 já passou por quase tudo… além do procedimento de embarque e desembarque para o qual o adquiri, fiz altas “aventuras” com ele onde saíamos eu e meu filho (em quanto eram todos leves e pequenos, as vezes também com meus sobrinhos e amigos do meu filho), quando tinha uns 5 anos, para realizar “aventuras” e descobrir ilhotas e esconderijos pelo mangue… pescamos muitos siris com as gaiolas, batemos em muita pedra da nossa costa e, acho que não preciso mencionar, com todo o uso e abuso, foram inúmeras as quantidades de vezes que o casco bateu em cracas, mariscos, ostras e outros objetos cortantes… as marcas ficaram gravadas no casco… algumas também na nossa pele após cortes por descuido, contudo, tanto o bote quanto nós, continuamos em perfeito estado de conservação… um pouco mais velhos, mas bem. 😊
De qualquer maneira, depois de 13 anos (2017) de uso, resolvi que queria tirar o nome do meu antigo veleiro ORM da popa (na época pintei o nome ORM no espelho de popa) e queria que o bote tivesse a mesma cor azul clara do meu novo veleiro, o Gaia 1.
Nova pintura
Como bom velejador e amante do conceito “faça você mesmo”, decidi eu mesmo pintar o casco do bote… Siga a seguir o procedimento realizado na pintura e veja o resultado final.


















O bom destes botes de ABS moldado é que são praticamente indestrutíveis e, como fica claro pelas fotos, basta uma tinta para voltarem a parecer novos!
Espero que este artigo tenha ajudado a abrir seu horizonte para outras alternativas de bote que não sejam os de borracha (RIB)… eu sei que, no meu caso, não abro mão do meu charmoso bote rígido, com seu design baseado nos antigos e chiques escaleres ingleses e que, com certeza, irá durar para sempre!
Bons ventos!
Max Gorissen
Velejador. Escritor.
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